Após reforma, Centro de Cultura Negra do Amapá será reinaugurado nesta sexta, 18

O prédio do Centro de Cultura Negra do Amapá Raimunda Ramos (CCNA) foi reformado e será entregue à comunidade nesta sexta-feira, 18 de novembro, durante as ações do Mês da Consciência Negra 2022. Esta foi a primeira reforma após 24 anos de sua inauguração, graças a um movimento das lideranças, pioneiros, artistas e União dos Negros do Amapá (UNA), que conseguiram sensibilizar a população, parlamentares e gestões públicas, que apostaram na proposta e destinaram recursos para a obra. A entrega do prédio será ás 17h.

O CCNA é o símbolo de uma batalha real, entre os negros do Amapá e autoridades que não queriam a construção do prédio. Eles lutavam pela garantia do respeito e a valorização das tradições, identidade, costumes, memória e história das comunidades negras. Moradores do Laguinho, Curiaú e Favela, senhores e senhoras, jovens, crianças, enfrentaram máquinas para que a obra fosse realidade.

O prédio foi entregue em 5 de setembro de 1998, um projeto arquitetônico em que cada espaço valoriza a história e luta dos povos negros. A exemplo do Museu do Negro que é uma referência aos navios negreiros, e o auditório, que remete às senzalas. Tem ainda as salas de múltiplo-uso, administração, anfiteatro, e contempla também as religiões de matriz africanas, com o espaço Afro-Religioso.

Ele foi planejado para ser um local para as manifestações afrodescendentes, como marabaixo, batuque, cultos afros, comercialização de produtos das comunidades tradicional, e de valorização da história e costumes. Administrado pela UNA, após sua inauguração, foi transferido para lá o Encontro dos Tambores e a tradicional Missa dos Quilombos. Shows e apresentações artísticas, rodas de capoeira, feiras e reuniões eram realizadas em seu interior.

Após um período de inconstância da presidência e diretoria e falta de gestão da UNA, o prédio ficou abandonado e sem utilidade fora do Mês da Consciência Negra. A falta de energia e a vacância na gestão, levou o CCNA ao abandono e se tornou um transtorno para os moradores do bairro e incômodo para comunidades e famílias tradicionais, que viram o local se deteriorar sem providências.

Em 2021 um grupo de lideranças, descendentes de pioneiros, fundadores e artistas, começaram a se organizar, e com o apoio da comunidade, fizeram um grande mutirão de limpeza, e conseguiram material de construção, e a energia foi religada. A mobilização chamou a atenção de autoridades, e o senador Randolfe Rodrigues, destinou R$ 1 milhão, e deputado federal Camilo Capiberibe, R$ 300 mil, e o prefeito Antônio Furlan autorizou a Prefeitura de Macapá (PMM) a entrar com a contrapartida e execução da obra. O vereador Claudiomar Rosa também destinou emenda para a aquisição de cadeiras para o auditório.

O CCNA leva o nome de Raimunda Ramos, a Raimundinha, uma homenagem à uma das pioneiras do movimento negro do Amapá e que esteve à frente de todas as lutas e conquistas, falecida em 2018. Para as atuais lideranças dos movimentos, este momento é de união, reorganização, resgatar a credibilidade e responsabilidade com a história, com os investimentos públicos e sociedade. A intenção é que o CCNA volte a ser palco das manifestações e ações dos povos negros do Amapá.

Por Assessoria de Comunicação/CCNA